sábado, agosto 30, 2008

Super Manu

























Super Mario e Luigi eram parceiros de sucesso na luta conta o mal. Sempre em sintonia, os bigodudos irmãos cobriam-se de glória em cada investida contra King Koopa e os seus sequazes.
Porém, quando Luigi recebeu uma irrecusável proposta do Desportivo das Aves para mudar a água ao tremoço no bar da colectividade, o seu Super irmão decidiu assumir uma carreira a solo, provavelmente apoiando-se no exemplo de Miguel Ângelo: "Se aquele gajo consegue ter (relativo) sucesso, então nem preciso de me preocupar muito."

Mas como nem tudo são rosas, Super Mario começou a aperceber-se que já não conseguia lidar com o malévolo King Koopa sozinho, até porque a gasolina está mais cara e andar aos super-saltinhos de um lado para o outro cansa bastante.

Vaí daí, decidiu abrir um casting para novo sidekick.
Após ter rejeitado Petrov (falta de higiene), George Jardel (gonorreia), Calçoa (não dançava a macarena), "Leandro" George Lima (problemas com a documentação) e Forbs (porque sim), Super Mario decidiu-se pela contratação de Manuel Correia, esteio desse grande viveiro cromático que é o Barça do Tâmega, e pediu a Príncipe Maestro para o ir buscar no seu jacto privado.

Uma vez chegado a Brooklyn, habitat natural dos super-canalizadores com bigode e nome italiano, Super Mario pôs um cachecol com os dizeres "O Maior Canalizador do Mundo" ao seu novel companheiro de caminhada na estrada da fraternidade.
Nascia assim uma união sem facto que libertava o rebaptizado Super Manu de uma parelha com o esfíngico Paulo Alexandre, para a vida de personagem alternativo de um segundo jogador de Nintendo.

Aos saltos, claro. Sempre aos saltos.

quarta-feira, agosto 27, 2008

A Sensação do Verão

Eis a grande sensação pop da época: um septeto de centrais lusos! Da esquerda para a direita: Chico Oliveira, ciente das suas qualidades físicas, todo lampeiro no seu traje para engate na esplanada; Sérgio Cruz, implacável como Clint Eastwood de cabelo comprido, exibindo um impecável verniz para as unhas; Vítor Duarte, frio e louro, olhando sobranceiramente para o mundo, sempre a postos para uma entrada de pé em riste; Dinis, o líder do grupo, a personificação da confiança, numa pose a que os costureiros franceses já denominaram de “Cristo blasé”; Matias, reguila e felpudo, plenamente confortável com a sua imensa virilidade; Jorge Soares, alguém com sérios problemas de rins mas sempre um eterno apaixonado, feliz como um petiz, agarrado precisamente a… Paixão, outrora reconhecido pela sua impetuosidade, agora terno e dócil nos braços do seu amigão Soares, relembrando as velhas tardes de fulgor farense.
Estes centrais andam por aí a debitar quantidades alarmantes de estilo neste Verão. Procure bem à sua volta. Não os perca.

domingo, agosto 24, 2008

CAI...TANO



(Caetano e a sua evolução calvina.. ou calviciesca.. ou carequista...no fundo um homem feito de testosterona)

Cáitano - era o nome mais ouvido na rádio dos anos 90, quando se relatava um jogo em que este lateral esquerdo participava. Uma bela maneira de pronunciar o nome do lateral esquerdo que pontificou no futebol português.
Caitano, Cãitano, Queitano... tanta maneira diferente de se dizer o nome.. por isso fomos à nossa investigação jornalística da semana.

Do que conseguimos apurar sobre a origem de nomes, aqui temos sobre "Caetano":

"Do latim “Caietanus”, define os habitantes ou naturais de Caieta, em Itália." Ora, nada mais falso, porque o puro Caetano nasceu em Vila da Feira, Portugal.
"O encanto, a delicadeza e o espírito poético definem este sonhador." Como se vê na imagem de Caetano no Boavista, é muita a delicadeza.. de facto os laterais esquerdos têm muito de delicados. Aquele pé, dominando a bola, não parece um pé de um jogador de futebol. Algo ali é diferente.. é um toque sublime, é como um Ouattara no meio dos leões da selva Costa Marfinense.
De facto o espírito poético fez Caetano andar por clubes românticos, suaves... já que andou nos 3 grandes ...abaixo dos 3 grandes! Belenenses, Guimarães e Boavista. Era a vertente sonhadora de Caietanus...

"É senhor de uma espontaneidade quase infantil e revela-se muitas vezes inconformista"
De facto uma figura juvenil, quase diria infantil... com o seu 1m40. Um lateral português, bem português, bem baixo, alguma técnica, umas bolas paradas bem marcadas (algo que não é estranho, porque os laterais esquerdos em Portugal costumam dar marcadores de bolas paradas. Senão vejamos: Fernando Mendes, Rui Jorge, Pedro Henriques, Rogério Matias, Antunes e .... CAIETANUS. Todos eles passaram por essa responsabilidade só ao alcance de Robertos Carlos desta vida.

"Apesar de intuitivo e impulsivo, tem tendência para alguma instabilidade emocional"
Jogador que passe no Boavista e que se preze, é impulsivo e tem tendência para alguma instabilidade emocional. Isso é claro como a água.
Também é claro como a água que jogador que passe num clube com Jesus na baliza, Pedro Barbosa e Paulo Bento no meio campo e N'Dinga a municiar o ataque fica claramente com instabilidade emocional. Quanto mais não seja porque Paulo Bento não devia ser de modas quando o Caetano lhe passava a bola: "Cae.. Cae..Caetano. Passa a bola .. a bola.. devagar e com jeito... e com jeito.. com tranquilidade Caetano"

Essa instabilidade emocional deu concerteza a Caetano esta calvície durante a sua carreira. Pode-se ver na evolução cronológica postada acima.
Caetano é agora treinador do Esmoriz após ter treinado o Feirense, o Académico de Viseu e os juniores do Boavistão. Espera-se que Caetano se junte rapidamente à galeria dos notáveis treinadores da I Liga, com passado futeboleiro ao nível do melhor que o nosso país fabrica.. ao nível de Jorges Jesuses, Josés Motas, Paulos Bentos e mesmo os recentes Paulos Sérgios e Jorges Costas.
Obrigado Caetano !!!

sábado, agosto 23, 2008

Zé Bala, o Incompreendido

A carreira de José começou precisamente da mesma forma que acabou: alguém achou que o Ginola de bolso não valia a pena.
Mas como? Afinal, estamos a falar de um dos mais emblemáticos jogadores lusos dos anos 90, e simultâneamente um pequeno Deus em Inglaterra, terra de big balls e small brains.
Vamos lá, então. Mantenham por favor o ênfase na palavra "pequeno", pois foi por causa da sua diminuta estatura que o José se viu dispensado do Benfica de William em 1993, após uma época emprestado ao bem-aventurado Sintrense. Porém, José caiu de pé.

A chuvosa e desinteressante Birmingham foi quentinha e acolhedora o quanto baste para este jovem lisboeta, ansioso por moldar a plasticidade do futebol a seu bel-prazer, manuseando a redondinha com a alegria de um Eduardo Mãos de Tesoura a cortar a mullet de Skuhravy.
Velocidade, destreza, facilidade em limpar o cotão por baixo da cama, criatividade e repentismo foram algumas das qualidades que tornaram o público inglês e dois coelhos em fãs acérrimos de José.
As críticas positivas sucediam-se e o modesto Birmingham já estava a um passo da Premier League inglesa, após a meteórica ascensão nas asas do pardalito luso, que voava graciosamente entre os desajeitados bisontes da Velha Albion.

Mas se pensavam que o Sporting de Queirós e Palmelão estava a dormir, enganam-se. No Sporting não se dorme, o que explica as olheiras de Afonso Martins e Nuno Assis.
Os responsáveis leoninos viram em José um extremo capaz de fazer miséria aos Sábados e não descansar aos Dominguez, e partiram também eles destemidos para a sua aquisição.
Dominguez era finalmente Leão - e Leão era do Salgueiros (na verdade, iria rumar a Alvalade em 1997, mas eu paro com os trocadilhos fáceis).

De volta à sua terra natal, o sol parecia brilhar para José. Infelizmente eram apenas as luzinhas das sapatilhas novas do Mauro Soares, que as comprara por 1.500$00 na Feira do Relógio, mas como o José é muito baixinho, nós compreendemos a confusão.

De qualquer forma, o Mundo parecia novamente um episódio da Rua Sésamo. Muitas cores, sorrisos, felicidade e pessoas com 1,20m. José vivia a melhor fase da sua carreira até ao momento. Assumindo o papel de suplente de luxo, o Zé Bala entrava para destruir o que restava do ego dos laterais adversários, fazendo gala da sua velocidade supersónica, drible apostólico e falta de objectividade divina.
Em Alvalade, era mais popular que o courato, principalmente quando formava a disfuncional ala esquerda com o imortal Vujacic.

Mas nem tudo eram rosas, tulipas e Chipendas para o nosso diminuto herói. A partilhar o balneário (entre outros sítios) com ele tinha a nemesis de Rei Artur - Ricardo Sá Pinto - e o enfant terrible da nossa bola, o new kid on the block Dani.
Juntos formaram uma clique que ficou conhecida como "Os Três Mosqueteiros":

-Athos/Sá Pinto é um nobre de alma pura (o menino da Foz) que carrega um terrível segredo, decorrente de um casamento mal fadado com Milady Arthur George.
-Porthos/Dominguez é a personagem alegre e vaidosa. A sua "catchphrase" é "O cabelo é a estrela. Eu só ando por baixo dele."
-Aramis/Dani é o playboy talentoso. Falso, mas extremamente amigável. Tenta esconder os seus inúmeros romances dizendo estudar ou jogar à bola com os compichas.

As suas incursões pela vida nocturna ficaram famosas. Os Três Mosqueteiros viviam intensamente as noites loucas de Lisboa, frequentando as discotecas mais "in" e alguns estábulos.
Eram tempos de folia desbravada. Tornaram-se companheiros de festa dos deuses do rock Delfins, cantando juntos melodias de amor com gelados Epá e copos de leite morno de permeio. São lendárias as cenas de pancadaria e violência com os rivais Pólo Norte na Big Cansil, todas as primeiras quintas-feiras do mês. As mulheres eram uma perdição e sentiam-se atraídas por este trio como uma deserta bancada por um cruzamento de Nenad ao terceiro poste.
Os três jovens estraram numa imparável espiral de decadência, chegando aos treinos de directa, vestidos com lingerie de mulher, ou não chegando mesmo. O bafo a limonada e marcas de batôn no cabelo indiciavam aquilo que toda a gente já sabia, mas não queria ver: as montagens de sequências desportivas com rock dos anos 80 em filmes tipo Rocky IV são foleiras os Três Mosqueteiros tinham de ser separados. Octávio Machado vestiu a pele de Cardeal Richelieu e destruiu o trio para sempre, na tentativa de salvar a carreira destes indomáveis jovens e o seu próprio emprego.
Ricardo foi socar treinadores para o País Basco, Daniel foi hipnotizar bifas para Amsterdão, enquanto foi passear o seu penteado pós-grunge para Inglaterra.

Sozinho em Londres, José Dominguez não demorou muito até se tornar numa estrela. Ainda mal tinha pisado o relvado de White Hart Lane (ou sido pisado por um colega 30cm mais alto), e já tinha batido um record: o jogador mais baixo da história da Premier League, do alto dos seus 1,60m. A sério, esta parte nem sequer é no gozo. Consultando a tabela que o site da Premier nos oferece, observo também que Clint Marcelle é o 5º classificado da mesma. Representin' Portugal, b-atches!Mad props!

















Claro que com este cartão de visita, o caminho já estava meio trilhado, e a locomotiva liliputiana tinha como destino a estação da imortalidade, com paragens nos apeadeiros da fama e da glória suprema. Tal como em Birmingham, o português arrebatou o coração dos adeptos ingleses, qual destemido cupido sem pejo de partir para o drible no 1 contra 4.
Mas essa mesma forma destemida e por vezes descabida de conduzir a bola acabou por conduzir os responsáveis do clube inglês contra si: o futebol inglês implora por objectividade como Mihaylov suplica por um capachinho, deixando José em maus (e pequenos) lençóis. Começava a esgotar-se o tempo do lusitano em Londres, como um relógio barato depois de ir à água. A pouco e pouco ia-se apagando. Começava a atrasar-se cada vez mais. Fraquejava. Até que foi relegado para a gaveta dos maus relógios (leia-se "reservas"), sendo utilizado apenas quando combinava com uma ou outra fatiota especial de Dominguez Domingo.

Chutado sem apelo nem agravo para a terra de Backhühnchen, Schweinebraten, Rinderbraten, Sauerkraut e Dampfnudeln, Zé Bala tentou reanimar a sua carreira pela terceira vez ao serviço do Kaiserslautern, mas os problemas de sempre persistiram. Foram quatro anos a driblar junto da linha de meio-campo, a tentar o 1 contra 6, e a mostrar qualidades artísticas sempre que sofria uma falta, rebolando 15 vezes sobre si mesmo como se tivesse sido atingido por uma caçadeira apontada pelo olho clínico do trinco/coveiro Amaral. O resultado foi o do costume: os adeptos adoravam-no, os responsáveis do clube nem por isso. Rua com ele.

Seguiram-se o Qatar e o Brasil, já numa tentativa desesperada de encontrar um futebol que se baseasse na anarquia e no desprezo profundo por todos aqueles que apregoam que a táctica e o senso comum têm lugar na bola moderna. Também não foi desta. Aos 31 anos, o último romântico pendurou as botas por não haver futebol que o compreendesse.
Posteriormente, tentou jogar à redondinha na praia, mas nem sequer os largos anos de experiência como brinca na areia certificado chegaram para encontrar o seu lugar como novo artista à beira-mar. Uma vez mais incompreendido.

Mas aqui estás entre amigos.
José, aqui és compreendido. E não é só aos Dominguez.

quarta-feira, agosto 20, 2008

Batata Frita

O humilde Láy nasceu na Guiné-Bissau e gerou grande algazarra quando saiu do ventre de sua mãe para o mundo. Tanta que os ecos da boa nova eclodiram desde o capim cerrado e perpassaram o oceano. Do outro lado, à escuta, Bob Dylan compôs “Lay Lady Lay” em homenagem a si, à sua mãe e quiçá também à sua futura mulher. Genial, Dylan, genial. Três em um. Como um shampoo.
E Láy. Ou Lay? Plural: Lays. Nome de batata frita. Era um avançado que ondulava na área. Mostrava-se oleoso na fuga à marcação. Revelava-se estaladiço na hora de rematar à baliza. Besuntava o juízo dos guarda-redes com finalizações agridoces. Tem ou não tem acento? Tanto faz, tem assento na nossa caderneta.
Olhar no horizonte, nada a temer com as estrelas do equipamento All Sports do lado direito e o emblema do altivo Tirsense junto ao coração, o mundo era lindo e a miragem da UEFA estava ali ao virar da esquina, a um lustro de distância. Havia uma nova constelação chamada Tirsense. Esse Tirsense escuro como a tez de Láy, Lay ou homónimo de batata frita, como escuros são os insondáveis caminhos do destino para o clube de Santo Tirso. Que Deus nos livre. Da sorte do Tirsense, do cabelo do Láy e de um enfarte do miocárdio pelo consumo excessivo de batatas fritas.
Onde quer que estejas, Láy, sabes que podes contar com todo o nosso apoio. Sim. Vamos comendo-te em pacotes, acendendo a luz da tua memória nas nossas papilas gustativas por cada batatinha degustada. Lembramos-te como um veloz goleador e nas tuas variantes barbecue, cebola e presunto. Chlep.
És parte integrante dos nossos sonhos com a visão dos teus parcos, mas bonitos, golos de outrora. E és também parte indispensável do nosso cardápio. És dois em um, mas não és shampoo. És só tu. Viva tu. Viva Láy.

domingo, agosto 17, 2008

Então Traga-me Só O Pudim, Djoincevic

Sim senhor, foi um belo almoço. O bacalhau à Moreira de Sá estava divinal, acompanhado por umas deliciosas batatas a Sá Pinto-quando-encontra-Artur Jorge. Só faltava a sobremesa.
Chamei o empregado de mesa. Ele era nada mais que o bonacheirão Djoincevic, agora retirado dos relvados e com madeixas brancas no couro cabeludo, embora ainda preservando a inconfundível barba. Trazia estampada na farda a óbvia saudade dos gloriosos tempos do velho Salgueiral.
- Então, meu bom homem – dirigi-me afável – diga lá o que tem de sobremesa.
- Ter pudim…
- Eh pá, porreiro – sempre gostei de pudins. Dos caseiros, claro. Aquilo dos pacotes do Mandarim era uma sabujice. Todavia, uma refeição daquelas merecia algo em grande. Indaguei-lhe por mais.
- Então e não há para aí nada com Rui França ou com Nikolic, o Maradona de Paranhos? Isso seria absolutamente fantástico!
- Não… não… já não haver nada… nada restar, sinhor… - percebi que tinha cravado uma seta lá no fundo do seu coração. Djoincevic perdeu o sorriso, as sobrancelhas murcharam e o pobre empregado, escondendo a cara enquanto fungava, a custo evitou que uma teimosa lágrima escorresse pela sua face cabeluda – Mas ainda haver pólo aquático na Salgueiros… - apontou Djoincevic, tentando reter alguma da sua doce ilusão.
- Deixe lá isso, homem – tentei chamá-lo de volta à realidade – Tem mais alguma coisa?
- Ter Varzim
Olá! Varzim rima com pudim. E um Varzim vintage promete, com o travo exótico de Lufemba ou o sabor fidelíssimo de Alexandre, o guedelhudo. Bem bom.
- E de que colheita é esse Varzim?
- Ser do ano passado, sinhor. Muita bom. Querer ver carta?
Ora bolas. Não era bem aquilo que estava à espera. Mas pronto; podia ser que houvesse qualquer coisa que me aguçasse o apetite…
- Venha de lá essa carta, meu grandessíssimo central de marcação.

Hmm. Um Malafaia carregado de gel. Soa-me a indigestão. Tem um nome jeitoso, sem dúvida, é um belo cruzamento entre Malaquias e Alfaia, mas todo aquele creme no cabelo não me deve cair bem. Parece-me um tipo claramente saudosista da moda “Vedeta 1996”. E aspirantes a Sérgio Conceição potenciam-me gastroenterites.




Hã? Ukra? Será o diminutivo radical de “ucraniano”? Eh pá, mas isto é coisa que se apresente a um cliente habitual? Um tipo de Famalicão com uma alcunha que nem um jogador brasileiro ousaria envergar? Sinceramente, Ukra soa-me a sobremesa confeccionada à pressa há 15 dias atrás e conservada fora do frigorífico. Não vou pegar nisso.




Olha, olha, o Postigol por aqui!... Isso confere um cariz internacional à ementa. Ah, mas não é o Hélder, é o Marco. Que azar. É como se a primeira fatia de um melão aparentemente suculento se desfizesse em água desenxabida – assim foi o efeito deste Marco em mim. Fazer-se valer do nome do Hélder… o que não significa necessariamente nada de bom… mas enfim, alguém ainda te irá comer pensando seres o Hélder.




Eh lá!, eis um verdadeiro acepipe! Cresceu-me água na boca: ele era Yazalde, o mítico matador leonino. Iria cair que nem ginjas no bucho. Mas… mas… é outra fraude! Este Yazalde não é o Yazalde que eu conheci! Isto é contrafacção! Não há pachorra para estas imitações. Faz-me lembrar o Messi do Olhanense. E o Zamorano ex-Estrela da Amadora. E as calças Lewi’s e Sóveste que se encontravam nas feiras. Chamei o empregado.


- Ó Djoincevic, este Yazalde esteve muito tempo ao sol, não? Está muito queimado para ser o verdadeiro Yazalde!...
- Não ser essa Yazalde, sinhor. Ser Yazalde, homenagem a argentino. Ser nova especialidade do casa. E ser muita bom.
- E o que é que leva?
- Er… ovos, achar eu… lête… hãããã… e o açúcar de um golo ou outro… achar ser… eu só servir mesas… ser muita bom, eu já provar.
- Ah, se o diz, está bem – quem sou eu para duvidar da palavra deste sábio central que partilhou tardes e tardes de alegria trauliteira com Milovac? – Então pode ser um Yazalde fresquinho, mas traga-me um com cabelo à anos 70, por favor.
Porém, os meus intentos não seriam concretizados. Djoincevic voltou da copa com más notícias.
- Sinhor, já não haver Yazalde. Vender último há meio-hora. Mas amanhã já ter nova Eusébio.
Pois, pois, de novos Eusébios e de novos Maldinis está o inferno da Luz cheio… ou estava, até Mawete Júnior e Sepsi receberem a guia de marcha. Era vê-los chegar às paletes com grandes parangonas e depois ninguém tocava neles, ficavam todos a apodrecer e a cheirar mal a céu aberto, como toda a gente sabe. Era o festim das salmonelas. Não, a mim não me apanham nessa. E, para mais, quero uma sobremesa agora. Por isso decidi-me pelo seguro:
- Então traga-me só o pudim, Djoincevic. Pode ser do Mandarim, já estou por tudo.

quarta-feira, agosto 13, 2008

O Príncipe Maestro e o Seu rebanho

A canonização do insigne Príncipe Maestro, orgulho da Damaia Lisboa Portugal Europa Via Láctea e arredores, tem feito correr muita tinta - tanta, que há quem jure que para além da tinta, também já terá conseguido fazer correr o Ion Timofte. Tal será apenas concerteza um rumor, pois desde que o romeno roubou um saco de café de 520kg ao colega Platini Boliviano, que não há relatos de algo do género ter sucedido.

O Príncipe Maestro é justo e bom, e por isso mostra aos pecadores o caminho que devem seguir. O Príncipe Maestro criou tudo e todos com o propósito de serem bons.
Ao admirarmos toda a Sua criação (animais, plantas, isqueiros, montanhas, mares, rios, Balboas, vales, florestas, zundapps, praias, etc.) podemos contemplar a bondade de Príncipe Maestro.

“Toda a galera eramos como orelhas ovelhas que se haviam perdido; cada um de nós seguia o seu próprio caminho, cara. Mas o Senhor castigou o seu servo; fez com que ele sofresse o castigo que nós merecíamos. Ele foi maltratado, mas agüentou tudo humildemente e não disse uma só palavra. Ficou calado como um cordeiro que vai ser morto, como eu quando fui papado por um Cigano, como uma ovelha quando cortam sua lã.”, desabafou o pequeno David, também ele uma antiga alma errante convertida à palavra do magnânime Príncipe Maestro, como devidamente ilustrado pelo jornal "record", onde lhe é dedicada a honra de transbordar a primeira página.
Isto, claro, num dia onde infelizmente não se passa nada no desporto nacional. Um dia como todos os outros, onde o Vitória vimaranense (órfão de David Paas e Basaúla) disputa pela primeira vez uma pré-eliminatória da Liga dos Campeões, o senhor da poll se abeira de um recorde de presenças num clube centenário de Lisboa, o tri-campeão nacional se prepara para disputar a Supertaça com esse mesmo clube, e decorrem umas gincanas e pantominices pomposamente apelidadas de "Jogos Olímpicos". Uma mão cheia de nada perante um doce beijinho num treino.

Observemos a postura de Príncipe Maestro, extremamente elegante no Seu ensemble camisa-casaco Maconde. Postura erecta, de quem não deve nem teme. Um homem-obelisco, gigantesco na Sua dignidade e vertical nas Suas convicções férreas. Ele não luta pelo bem, deixa isso para outros. Ele faz o bem. Príncipe Maestro inventou mesmo o conceito de bondade, algures em 1991 D.C. por terras santas de Fafe, após endossar um passe-oferenda ao primeiro dos seus apóstolos, o imortal José Albano.

Regressando à santa representação do Príncipe Maestro, podemos observar que o Seu mais recente apóstolo, o pequeno David, se inclina ligeiramente perante o criador do Universo e do panike de chocolate, em sinal de respeito e admiração. Em simultâneo, nota-se que o Príncipe Maestro, apesar de gozar do estatuto de semi-deus e ter um penteado da moda, é uma semidivindade humilde, dado que não se coibe de demonstrar carinho e receptividade física para com o Seu jovem seguidor.
Peito com peito, mão firme entrelaçada na da jovem ovelha, e um beijinho doce e carinhoso, que bem representa o amor que Príncipe Maestro tem por todos os seres vivos deste planeta, sejam eles animais, machairidis, minerais ou vegetais.

Príncipe Maestro
não tem receio de se misturar com o povo. Ele, que do alto da sua postura divino-empresarial, cumprimenta calorosamente esta alminha perdida vestida com calçõezinhos, meiinha branca e um mísero coletinho branco, que certamente não o aquecerá nos invernos mais longos. Ninguém é insignificante demais para receber o amor semi-divino de Príncipe Maestro.

Depois do incrível feito de ter tornado o Salgueiros de Lisboa no incontestável hexa-campeão do defeso, espera-O a dura tarefa de converter todos os bárbaros vândalos que ainda não se sentiram quentinhos com a recepção do amor de Príncipe Maestro.
Entretanto, ficamos a especular o que Ele estará a fazer com a Sua divina mão esquerda ali em cima. A melhor resposta em forma de caccioli será galardoada com um Príncipe Maestro de bolso, ideal para trazer consigo ou colocar no volante da sua Casal-Boss.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Quando Os Carecas Tinham Cabelo

Jaime Magalhães levava as fãs mais empedernidas ao delírio com este arrojado corte de cabelo. Quando Jaime passeava todo o seu esplendor pelas ruas apertadas da cidade, as mulheres tombavam aos seus pés nas geladas e escuras pedras da calçada, impotentes para controlar a súbita emoção provocada pela intensidade do charme que emanava das louras melenas soltas ao sabor da brisa marítima. Era autêntico ouro sobre azul, a trepidante cabeleira de Jaime. A luz do sol pedia licença antes de fazer reflexo nos seus filamentos dourados, a bola gozava por estar junto dele no desenfreado carrossel a meio-campo. Todo ele aprumo, todo ele elegância, Jaime desferia o golpe mortal nos frágeis corações femininos quando levantava o canto da boca e escondia um sorriso malicioso, sussurrando “c’mon, baby” como se estivesse num filme a preto-e-branco com um Martini na mão. Jaime sentia o mesmo à-vontade tanto a distribuir jogo atacante, com todos os holofotes apontados para si, como nos salões de beleza, por onde Jaime consumia a maior parte do seu tempo, aperaltando a sua figura e trocando impressões sobre a vida mundana.

Bandeirinha nunca mais foi o mesmo depois de ter visitado o Bronx numa visita de estudo do liceu, na última metade da década de setenta. Jovem ingénuo e facilmente impressionável, escancarou as portas da sua mente e assimilou a cultura local com total dedicação. Quando regressou à terra, Bandeirinha já não era o mesmo Bandeirinha que achava que Bud Spencer era o melhor actor do mundo. Começou a dar nas vistas por se fazer acompanhar de um largo rádio com leitor de cassettes da Crown para todo o lado que fosse. Depois ensaiou coreografias que quase estragaram o Ramadão de Madjer, de tão lascivas que eram. E quando ecoava Sly and The Family Stone nos corredores das Antas, sabia-se que Bandeirinha estava a chegar. Ao contagiar o balneário com ritmos funk, Bandeirinha espevitou aos ânimos e isso teve consequências. Algum tempo volvido, certos jogadores saturaram-se e houve uma clivagem ideológica no grupo, materializada pela formação de três facções: de um lado, o hedonismo de Bandeirinha; do outro, o niilismo de André. Pelo meio estava Kiki, completamente demarcado de tudo e todos, absorvido pelas complexidades do movimento reggae.

André era o cyberpunk das redondezas. Demasiado rebelde para o ambiente taciturno do seu tempo, André fazia mossa em tudo o que lhe rodeava, fosse ser vivo ou não. Parecia saído do grupo de motoqueiros do filme Mad Max e não havia Mad Max que parasse este espírito indomável na vida real. Ele era o Billy Idol da Avenida Fernão de Magalhães, o flagelo em pessoa. Partia cadeiras, amolgava portas, quebrava ossos, apertava tomates, mordia em cães, gritava em bibliotecas, ria-se a Bandeirinhas despregadas em funerais; enfim, era um genuíno enfant terrible que alagava de horror e estupefacção a bola lusa. Quem não estivesse com André, estava contra André. Quem só estivesse com André durante o fim-de-semana já estava um bocadinho contra o André. E quem só estivesse com o André nas sessões de alongamentos, de certeza que teria algo contra o André. Ninguém arriscava ter o André como inimigo. Por isso ninguém lhe dizia que o seu penteado, na melhor das hipóteses, não condizia com o seu tom de pele. O tempo e a calvície ajudaram a serenar as coisas.

Bem, e Demol? Demol nunca foi careca… o que está aqui a fazer? Quem era Demol? Demol era um central belga que marcava uns quantos penalties por ano, disparando balázios para o fundo das redes como quem folheava um jornal gratuito pela manhã. Os belgas não têm muito para dizer ao mundo, desde que monstros da táctica como Robert Waseige ou esse peixe fora de água que era Filip de Wilde nos concederam o privilégio da sua companhia. Por isso, aportuguesámos Demol segundo a cartilha vigente em 1989. Agora, Demol já tem uma recordação para mostrar aos netos, quer eles falem francês ou flamengo. Toma lá um bigode e não digas que vais daqui.

sábado, agosto 09, 2008

Descubra as Diferenças MCLXXVI














Coentrão:
do Lat. coriandru
s. m., Bot.,
grande planta hortense, umbelífera, utilizada como condimento ou tempero, caxineiro que dribla sem nexo até sair das 4 linhas, só parando perante a visão de um McDonalds ou uma sucursal da Corporación Dermoestética.

segunda-feira, agosto 04, 2008

O Camaleão

Há cromos que assumem várias peles. Ou porque necessitam de uma mudança de imagem quando assumem outros papéis nas suas vidas, ou por uma simples questão de aversão ao caos ultra mediático dos nossos dias. Nos tempos livres, estes artistas obscuros preferem refugiar-se num spa recatado para jogar à bisca dos nove com amigos do género de Milinkovic ou Sérgio Lomba. Raramente são vistos por aí tal como os conhecemos. Apenas excepcionalmente os vemos tal e qual como são: por exemplo, quando saem à rua para comprar o jornal que traz como brinde uma réplica do joelho perdido de Pedro “Titânio” Mantorras ou quando vão buscar o Hélio Roque ao infantário.

Vejamos quem hoje trazemos ao nosso espaço. Vamos tentar descobrir quem ele é, observando as suas mutações de acordo com as ocasiões. É difícil que passe incógnito, tal a força da sua imagem natural. Mas ele bem tenta.
É ainda uma jovem promessa que muitos considerarão auspiciosa, tal a quantidade e o gabarito dos emblemas que apresenta no seu currículo. Este avançado fez questão de nos presentear com o perfume do seu futebol simultaneamente rectilíneo e oblíquo, desde que aqui acariciou a relva com a pungência dos seus pitons pela primeira vez, no ano passado. Houve muita gente que logo se esqueceu de Atelkin. Ou que transformou este facto em desculpa para se ter esquecido de Atelkin.

Eh pá, grande bigode! Sim senhor, uma demonstração impressionante de artur-jorgeanismo! Para começar, não está nada mal. De resto, o bigode é um artefacto muito comum na arte do disfarce: ele possui uma aura de autoridade saloia que solta o verdadeiro Matias que há em nós. E isso faz-nos bem de vez em quando, para desenjoar depois de Tanta nuno-gomice seguida. É o ideal para uma saída casual, ao domingo, para passear o Cao e talvez comprar um Sabugo ou dois.



Quando é necessária mais uma pitada de prestígio, quando chega a hora da sessão de autógrafos da praxe, o nosso jogador adopta um estilo adequado aos grandes momentos. Mais imperial que King, mais Severo que Marcos, ele desmarca-se institucionalmente dos adeptos mais impertinentes como pode, sempre sem perder a compostura. Depois apanha um táxi para casa, remete a despesa para a conta do clube e põe o traje de molho em naftalina até ao próximo evento.

Mesmo os jogadores mais reservados têm os seus momentos de folia. Num ritual inspirado nas cantigas de Vidigal e Marco Aurélio, este nosso amigo também se junta com outros colegas e solta as goelas às sextas-feiras ímpares de cada mês. Aqui o vemos vestido a rigor, integrado num grupo de tributo às Supremes, afamado pelo grande alcance vocal dos seus membros. Dizem que ele já conseguiu partir um vidro. Infelizmente, não foi pela sua voz maviosa: tentou devolver a bola ao Fusco, que estava a brincar no jardim, mas acabou por partir o vidro da casa do Juninho Petrolina. Diana Ross jurou para nunca mais.

No dia-a-dia, reconhecemos que nem sempre as coisas nos correm de feição. Surgem uns dissabores aqui ou ali com alguma frequência. É nestes momentos mais difíceis que se avalia a têmpera dos grandes Homens. E este avançado prova que quer resolver os problemas de forma exemplar: aqui o vemos numa formação on-job em pleno Uganda, num exclusivo Cromos da Bola, S.A.D.. Pouco disposto a ceder a sua carteira ou a permitir uma entrada menos Leal dum Sidraílson qualquer, este jogador metamorfoseia-se em guerrilheiro armado quando sente o chão a fugir-lhe sob os pés. Paulinho Santos, aliás, foi uma personalidade com muitas semelhanças neste capítulo. Apenas não arranjou uma arma. Em todo o caso, também não foi preciso.

Enfim, o mais certo é ser convidado para ir a um jogo de velhas glórias, reencontrar o Kipulu, dar aquela carga de ombro ao Casquilha e assoar-se na direcção do Laureta. Se o dress code for retro, que é que usualmente acontece, eis como o nosso companheiro se apresenta: impecavelmente retrógrado. Nada escapa; nem a ele, nem aos companheiros: o pelado, o cabelo ao sol, os bigodes, o equipamento… podia ser na Amora em 1981 ou em todo o lado, no cantinho das nossas memórias. Ai, ai. Consta que aquele segundo gajo a contar da esquerda na fila de baixo está a construir algo muito bonito lá para as bandas do Colégio Militar. Foi ele próprio que o afirmou, ao desculpar-se por ter pisado a cabeça de Quim Berto quando se abeirava do balcão de um snack-bar na Medideira para requisitar mais um panaché. E quem duvida?

Quem é este nosso avançado camaleão? Uma pista: não é Wason Rentería.

(Ele não pode ouvir falar em Wason Rentería… vejam o que o riso descontrolado lhe provoca…)

sábado, agosto 02, 2008

Cromos da Bola TV goes Old School

Neste saudado regresso da Cromos da Bola TV, juntamos uma pitada de sal à sopa das memórias. Sabe sempre bem, de tão salpicada de Vinagre que ela já está.
Uma pequena recordação do futebol elevado a arte rupestre via Renivaldo Pereira de Jesus, e o seu companheiro Carlos, herói do título sportinguista de 2000.

Anexo também um pequeno duelo entre o agora moreirense Albino Morim Maçães (percursor luso do adorno capilar conhecido por "mosquinha") e o bombardeiro a diesel, Barroso, em jeito de homenagem a Armando "Le Petit" na hora da despedida.

No final, como dessert, um momento quasi-hilariante de um cepo qualquer disfarçado de jogador da bola com o equipamento do magnânime Sivasspor.

Adeus, e até ao meu regresso.
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